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A história do guarda-redes Beto do Leixões

Beto nasceu na capital, tem raízes familiares no norte e conserva o charme tipicamente italiano herdado do ancestral que transmitiu às gerações seguintes um apelido singular. O nome Pimpareli liga-se à aldeia italiana de Bari, que atravessou a Europa para se instalar em Trás-os-Montes, que por obra de uma confusão ortográfica perdeu a última vogal. Mas o melhor da história renovada dos Pimparel começaria há 26 anos, em São Sebastião da Pedreira, com um menino que adorava fingir ser guarda-redes de uma baliza desenhada numa parede.
O sonho realizou-se nas escolas do Sporting, alimentando-se da alegria de pertencer às selecções jovens. Nos primeiros anos de sénior perdeu o encanto por ter "sido rejeitado pelo clube que mais amava". Depois desta experiência, o sonho transformou-se em persistência com alguma teimosia à mistura. Beto fez-se guarda-redes profissional movido "pela mágoa pelo corte total do Sporting". "Não tive qualquer orientação, nem me foi dada outra oportunidade", contou, tentando disfarçar a tristeza pela ruptura de "11 anos de dedicação". Fez-se sozinho e fez bem o trabalho.
A sensação "de rejeição" sanou no momento em que Vítor Oliveira lutou com a Académica pelo concurso de Beto, a revelação na Liga de Honra ao serviço do Marco. O grande rival dos marcuenses ganhou a corrida e Beto reconquistou a esperança de que ainda vale a pena sonhar
Agora é filho adoptivo das leixonenses que lhe afagam o rosto quando passa na rua e o beijam no mercado de Matosinhos, o neto daquelas que apelam para que "não deixe o Leixões". Beto está feliz,pois fez "a melhor opção na vida".

Expor os erros de quem lhe virou as costas
A consagração da subida do Leixões à I Liga, em Olivais e Moscavide, interrompeu o período de nostalgia, após o apuramento dos Sub-21 para os Jogos Olímpicos, em 2004, relançando a carreira de Beto. No sábado, regressa a Alvalade para a estreia adiada, devido a uma lesão. "Não tenho de provar nada, mas reconheço que a minha vontade subsconsciente, há um ano, era mostrar que estavam errados quando me viram as costas", confessou Beto, recordando a coragem de Lazlo Boloni em tê-lo como terceiro guarda-redes. Importante: continua expectante com uma chamada à selecção principal. "Continuo a sonhar"...

Hipnotizado pela Daniela
A relação entre Beto e Daniela prova que ainda existe amor à primeira vista e o que poder ser muito criativo. Ela estava sentada à mesa de um restaurante com a família e ele acabava de entrar com um grupo de colegas, após um jogo. Num simples cruzar de olhos, o cupido atrevido lançou a flecha e derrubou o seguríssimo guarda-redes.
O espanto pelo brilho do rosto da Daniela reflectido no vidro do aquário dos crustáceos hipnotizou Beto, desesperado para saber quem era a rapariga "dos cabelos pretos". O destino não facilitou logo o reencontro, esforçando a procura no melhor restaurante de francesinhas de Matosinhos. Beto viciou-se no petisco e na Daniela, a mulher que escolheu para ser mãe do Gonçalo. "O fiel da balança do meu equilíbrio", disse, com um sorriso do tamanho do mundo. A família cresceu e em breve muda-se para a moradia na Lavra. O verde claro e o azul cesleste harmonizam o quarto do bebé, mas na cozinha impera o preto exigido por Beto. Há qualquer coisa de transcendente nesta cor, só assim se percebe a insistência que Daniela, de forma arguta, contarirou senão "até duas das paredes da sala seriam pintadas de preto", disse a companheira do guarda-redes.
Reunidos pelas tatuagens
Companheiros inseparáveis na adolescência do futebol, Beto e Ricardo Quaresma perderam essa ligação por força do curso das carreiras de ambos. Um na baliza e o outro no ataque delinearam projectos grandiosos com a camisola do Sporting. Aquele verde de muitas esperanças que a realidade haveria de atraiçoar. Ricardo Quaresma deu o salto mais depressa, restando as memórias de brincadeiras e das boleias da mãe de Beto, Maria Célia, até ao bairro das Galinheiras. A "amizade forte" desses tempos é agora recordada esporadicamente, tendo sido actualizada uma vez. "Estive com ele quando veio a Matosinhos fazer uma tatuagem e aproveitamos para relembrar os momentos no Sporting. Depois disso nunca mais falamos", comentou Beto, mais parcimónio a tatuar o corpo. "Fiz uma tatuagem na perna com os três valores fundamentais da vida: sorte, saúde e amor. E uma cruz de Cristo nas costas em homenagem ao meu pai, falecido há dois anos. Fiz num sítio que não vejo para não recordar o momento da perda", confidenciou. Apesar de "teimoso nas convicções", Beto está dividido "por duas grandes paixões: o Gonçalo e o futebol". Divirto-me à brava", riu.
Com a bola sempre na mão
Não é só o futebol que atrai a atenção de Beto, pois é um apreciador de distracções que metam outras bolas. Mais pequenas, é certo do que as que rolam no relvado, mas eficientes a entrarem no buraco. Beto adora 'snooker' e todo o género de terminologias técnicas que englobem tacada na bola. Pode ser o "full", mas é com a "bola na mão" que Beto mais aprecia numa modalidade em que a mesa é forrada a verde.
fonte: site O JOGO
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